PGR repele insinuações de carta de Desembargadora Ilona Reis que diz ter reunido com Lindôra Araújo e pressionada a delatar

Giro de Noticias - 04/06/2021 - 14:05


A Procuradoria Geral da República (PGR) se manifestou sobre a carta da desembargadora Ilona Reis, divulgada pela revista Crusoé nesta sexta-feira (4) (leia mais aqui, aqui e aqui). A desembargadora foi presa em dezembro de 2020 e é investigada na Operação Faroeste (leia mais aqui).

Segundo a PGR, a prisão da desembargadora já foi reiterada pela Corte Especial Superior Tribunal de Justiça (STJ) “após análise de farto acervo probatório documental e pericial”. “As provas apontam para a existência de uma organização criminosa que vendia sentenças, formada por desembargadores, advogados e autoridades policiais, fazendo parte da apuração inclusive crimes de homicídio”, diz o comunicado.

Sobre o encontro entre a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, e a desembargadora, a PGR afirma que, “na condição de investigada, Ilona Reis pediu para ser atendida na Procuradoria-Geral da República”. “A audiência foi realizada na Assessoria Jurídica Criminal e, conforme os padrões de atendimento em casos desse tipo, na presença de vários procuradores.

Na oportunidade, a desembargadora manifestou interesse em fazer acordo de colaboração premiada. Embora tenha havido um segundo encontro também a pedido da desembargadora, o acordo não foi firmado”, confirma a Procuradoria.

Segundo a PGR, de forma paralela, “em decorrência de diligências concluiu-se a coleta de provas contra a investigada e o pedido de prisão foi encaminhado ao STJ. Surpreende que a alegação da agora ré não tenha sido apresentada no processo, mas na imprensa. O PGR repele as insinuações”, diz a manifestação.

A desembargadora Ilona Reis, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Ilona Reis que foi presa em dezembro de 2020, em uma tentativa de fuga em um carro com placa fria, contou em uma carta que teve um encontro com a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, responsável pelas investigações da Operação Faroeste, e braço-direito do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ilona Reis disse que foi pressionada a delatar.

O encontro teria ocorrido após o advogado César Oliveira, suposto amigo de Augusto Aras, a ter mostrado mensagens que teria trocado com Lindôra, sinalizando que Ilona deveria ir até Brasília para as duas terem uma conversa. O encontro ocorreu dias depois. A audiência entre Lindôra e Ilona foi confirmada pela Procuradoria Geral da República para a Crusoé. A desembargadora e a subprocuradora se encontraram em dois momentos no primeiro semestre de 2020.

As conversas contaram com a participação do também procurador da República Hebert Reis, que integrava o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, e o promotor de Justiça da Bahia João Paulo Schoucair, que auxiliava Lindôra nas apurações relacionadas à Faroeste. Ilona Reis diz que as conversas se deram sob um clima de tensão. Ela relata que foi a Brasília sem advogado e que, diante de Lindora, Hebert e Schoucair, disse que estava ali por orientação de César Oliveira. Os três disseram não conhecê-lo, segundo ela. “Pensei em dizer que estava ali coagida, mas resolvi ficar calada porque me encontrava num ambiente hostil e de terror”, escreveu.

Após o primeiro encontro, ela telefonou para César Oliveira para dizer como havia sido a conversa. O advogado, disse ela, teria prometido que na conversa seguinte o tratamento seria diferente. Entretanto, ela afirma que, na segunda conversa, Lindôra manteve a mesma postura.

 A conversa seria para Ilona fazer uma delação, pois haveria novas fases da operação e novas prisões poderiam ocorrer. Com a pressão, Ilona disse que concordou em fazer uma delação. “Para me livrar daquele ambiente eu disse que iria reunir as provas (provas essas inexistentes) e iria voltar.” Isso nunca ocorreu. Ilona relata que optou por esperar os desdobramentos da operação e acabou sendo presa em dezembro.

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