Chorando ex-militante diz ter sido espancada por líderes do MST e expulsa de assentamento no sul da Bahia em depoente na CPI do MST. Outros dois ex-militantes também foram ouvidos.

- 09/08/2023 - 21:59


A senhora, Vanuza dos Santos de Souza, contou que foi espancada, teve sua casa depredada e ainda foi expulsa de casa pelo movimento. O depoimento emocionante ocorreu na tarde desta terça-feira (8/8), a comissão parlamentar de inquérito (CPI) do MST, em Brasilia.

Nesta quarta-feira a CPI ouviu três ex-militantes, ambos são do município do Prado no sul da Bahia. Vanuza dos Santos, Benevaldo Gomes e Elivaldo Costa. Para a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura os atos ilícitos do movimento dos trabalhadores rurais sem-terra (MST), os depoimentos foram os mais contundentes até agora e deixa claro que existem uma organização criminosa envolvida no meio do movimento a ser combatida.

Tanto a senhora Vanuza, quanto o senhor Elivaldo, conhecido como Liva do Rosa do Prado, fizeram diversas acusações ao MST e à forma de luta pela terra. Eles acusaram militantes e líderes do movimento de proferir ameaças, extorsão, lesão corporal, etc.

Durante os depoimentos eles apresentaram vídeos, documentos e deram nomes de pelo menos quatro integrantes de líderes do movimento na Bahia. Um dos nomes dito por Liva e Vanuza segundo um deputado é um assessor do deputado federal, Valmir Assunção do PT.

Já a depoente Vanuza, foi direta e acusou o deputado Valmir Assunção (PT-BA) de ser o mandante da ação que a espancou e distraiu a casa dela que fica no Acampamento São João, município do Prado.

Desde o início do depoimento, Vanuza demonstrou emoção ao falar. Chorando, ela gritou que sentia “vergonha de ser brasileira” e afirmou diversas vezes que não gostaria de estar ali, mas que estava pela “honestidade” e que não queria “difamar o movimento”. Ele ainda contou que por anos votava no Partido dos Trabalhadores (PT) por acreditar, não por pedido do MST.

“Anos e anos fazendo campanha para o Valmir Assunção” diz Vanuza. De acordo com ela, o deputado teria entregado o lote a ela no assentamento há 16 anos. Chorando, a depoente conta que foi expulsa de casa durante a madrugada e mostra vídeo de uma casa, que seria dela, com todos móveis, janelas e até telhado quebrados.

Vanuza também mostrou alguns vídeos dela falando, no dia em que teria sido expulsa, e da casa bagunçada com coisas quebradas, com imagens sem áudio.  O deputado Valmir Assunção negou as acusações de Vanuza e disse que a CPI é "um palanque bolsonarista que não ajuda em nada a reforma agrária.

Ainda em depoimento à CPI, Vanuza Santos, conta que começou a ser perseguidor a partir do momento que ela começou a não querer mais fazer a vontade dos líderes do movimento MST. “Eu comecei a não querer mais participar das atividades do movimento e passei a ser perseguida, com ameaças de me mandarem embora e desocupar o lote”, disse a ex-integrante do movimento, em resposta às perguntas do deputado federal Ricardo Salles.

Elivaldo Costa, o Liva, presidente do Projeto de Assentamento Rosa do Prado, Benevaldo da Silva Gomes é ex-integrantes do MST, relatou que, ao contrariar as lideranças dos assentamentos ao qual pertenciam, buscando obter os documentos das terras que ocupavam, eles foram ameaçados de expulsão do assentamento, além de sofrer constantes ameaças contra às suas integridades físicas. “Quem ousa não obedecer a ordem deles, desce o barranco, como eles dizem”, afirmou Costa, que explicou que a expressão é utilizada para indicar que a pessoa é expulsa do acampamento ou assentamento.

Os Três ex-integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) expuseram, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o movimento, uma série de relatos sobre o funcionamento de acampamentos no sul da Bahia.

Eles contam ainda, qual a “metodologia usada pelos militantea do movimento para captar pessoas na zona urbana. Liva disse que existem uma falsa promessa de que eles vão dar a terra se a gente cumprir com o que eles [lideranças do MST] pedem que a gente faça”, disse o ex-integrante do movimento. Ele teria participado do MST durante pelo menos 9 anos e neste período teria participado de inúmeras invasões. A afirmação foi reforçada pelos outros ex-integrantes do MST que prestaram depoimento à CPI na tarde desta terça-feira (8).

Interrogado pelo relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), se o MST busca um perfil específico de pessoas com conhecimento sobre produção agrícola para participar do movimento, o ex-militante afirmou que “isso não importa para o MST”. "O MST quer um RG, um CPF e um título de eleitor e a partir dali começa a doutrinação”, disse Liva do Rosa, que mostrou cadernos que teriam sido usados por ele durante as “aulas de doutrinação”.

Ao descrever sua vivência durante o tempo que participou do movimento, o depoente afirmou que sofreu ameaças, retaliações e também expôs o funcionamento interno do MST no sul da Bahia, incluindo a atuação das lideranças durante as invasões de terras. “Os assentados são utilizados como instrumento para pressão, recebiam motivos diferentes do que seria o real propósito, e eram forçados a participar dos conflitos”, disse Liva do Rosa.

Em seu depoimento, ele ainda destacou ainda que os assentados são obrigados a trabalhar de um a dois dias por semana para as lideranças dos assentamentos. “Tínhamos que limpar os fundos das casas das lideranças, cuidar da guarita ou cuidar das áreas coletivas, de acordo com o que os militantes nos mandavam”, afirmou.

Perguntada para ex-integrante do movimento Vanuza se ela pressionou ou participou da ocupações de fazendas da Suzano, enfatizou que sim. Ela ainda disse respondendo a pergunta do relator que as mesmas eram produtivas e tinham funcionários trabalhando no local no momento das invasões.

“Nós éramos orientados a derrubar o eucalipto nas fazendas da Suzano. Os militantes se apropriavam das coisas da fazenda, como maquinário, equipamentos e ferramentas”, disse a agricultora. Vanuza também relatou que eram designados para as invasões sem saber ao certo o que fariam ou qual seria o destino. “Éramos convencidos a participar de invasões. Eles [militantes do MST] diziam que as terras nos pertenciam”, acrescentou a ex-integrante do MST.

Em vários momentos de seu depoimento, Vanuza mencionou a participação do deputado Valmir Assunção no movimento, se referindo a ele como um dos principais líderes do MST no sul da Bahia. “Ele comparecia com frequência no assentamento”, disse Vanuza, que em meio a um relato emocionado confessou estar envergonhada por ter votado no deputado por diversas vezes, na esperança de assim conseguir o lote para morar e trabalhar.

Os ex-integrantes do MST relataram ainda que os militantes do MST cobravam pelo menos 5% de todos os recursos obtidos pelos assentados. “Era dinheiro para a manutenção do movimento, para uma questão política. Também tínhamos que dar uma mesada de R$ 10 que era a contribuição para a [coordenação] nacional”, explicou Liva do Rosa.

Em casos de discordância ou não pagamento dos valores, os ex-integrantes relataram que os assentados eram ameaçados de expulsão. “Uma ou duas vezes até passava, mas depois eles mandavam embora”, disse Gomes, que relatou ainda que foi obrigado a participar de uma “atividade” de expulsão contra Liva do Rosa.

Vanuza, por sua vez, destacou que nos assentamentos, apenas uma parte da área invadida era usada pelos assentados. “Nós tínhamos os nossos lotes, mas a maior parte era arrendado para fazendeiros. No meu assentamento tiravam R$ 40 mil”, afirmou a agricultora.

A pressão pelo voto também foi destacada pelos três assentados. “Dentro do assentamento tem uma urna e ali eles controlavam os votos”, disse Liva do Rosa.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) rebateu, na noite desta terça-feira (8), as denúncias feitas contra o movimento por ex-integrantes ouvidos mais cedo pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o MST na Câmara dos Deputados.

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