O ataque a Aldeia Patxohã, localizada em Santa Cruz de Cabrália, extremo sul da Bahia, ocorreu na madrugada desta quinta-feira, 28/11. A comunidade faz parte da Terra Indígena Coroa Vermelha, no munícipio de Santa Cruz Cabrália.
Os homens chegaram ao local a atearam fogo em duas casas, sendo do vice cacique e do cacique da aldeia. No local foi encontrado dois galões de álcool e cápsulas de arma de fogo deflagradas.
Segundo as informações, criminosos teriam dado um prazo de até sexta-feira, 29 de novembro de 2024, para todos da comunidade indígena deixassem o local
Recentemente a comunidade esteve ameaçada de despejo por interferência da justiça estadual. As famílias conseguiram permanecer no território com a suspensão da ordem.
Desde então, as famílias vem sofrendo assédios, ameaças e a violência. As lideranças explicam que as intimidações por parte de especuladores imobiliários são frequentes, o que gera “constante medo e ansiedade”, aumentando a vulnerabilidade e os danos à saúde das famílias.
Segundo as famílias, os interessados no território possuem negócios relacionados à construção de edifícios e administração de obras, sendo que uma das empresas possui mais de 400 processos na justiça e diversos contratos com prefeituras da região. Um dos sócios também aparece com nome citado na listagem de campeonato da Confederação Brasileira de Tiro Prático.
Ainda de acordo membros da aldeia, a área em questão está nas imediações urbanas. O conflito local é “fruto da invasão do antigo prefeito” Geraldo Scaramussa, conhecido como “Geraldão”, que se encarregou de devastar a mata nativa, utilizar o local para extração de areia e terra vegetal, deixando “enormes crateras e buracos”. Posteriormente, a área passou a ser utilizada como depósito clandestino de lixo.
Geraldo Scaramussa, foi prefeito do município entre os anos de 1997 e 2004, já o suposto registro imobiliário da área em conflito data apenas de 2013, o que aponta sua irregularidade.
A Terra Indígena Coroa Vermelha possui cerca de mil hectares, entre os municípios de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro, está homologada desde 1998 e abriga mais de 3 mil indígenas. Já a aldeia Patxohã abriga 65 famílias, destas aproximadamente 60 indígenas são crianças e 30 idosos.