Inquérito contra Bolsonaro sobre suposta importunação a uma baleia jubarte durante passeio de jet-ski vira um grande ato político com apoiadores de Bolsonaro.

Giro de Noticias - 07/02/2024 - 19:13


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia sido intimado a prestar depoimento nesta quarta-feira 07/01/2024, assim como seu ex-secretário e advogado Fabio Wajngarten, que acompanhava o ex-presidente no passeio de moto aquática que deu origem ao inquérito. A oitiva, porém, foi adiada para o dia 27 deste mês e será em São Paulo e não mais em São Sebastião no Litoral Norte paulista.

Sabendo que Bolsonaro iria a cidade para prestar esclarecimentos, apoiadores se reuniram na tarde desta quarta-feira na pequena cidade de São Sebastião, no Litoral Norte paulista, em protesto contra o inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar suposta “importunação” do ex-mandatário a uma baleia-jubarte durante passeio de jet-ski realizado em junho do ano passado.

Durante decurso o ex-presidente, disse que Lula “aparelha e interfere nas instituições". O ex- Presidente disse ainda, “todo dia tem uma maldade em cima de mim, mim acusam até de que eu estou perseguindo baleias”,disse o ex-presidente.

O inquérito contra Bolsonaro foi aberto após vídeos publicados nas redes sociais mostrarem o ex-presidente próximo a uma baleia no Litoral Norte de São Paulo. Uma lei de 1987 proíbe “qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras”. A pena para o descumprimento pode chegar a cinco anos de prisão, mais o pagamento de multa.

Milhares de apoiadores de Bolsonaro cercaram um carro de som estacionado no centro histórico de São Sebastião nesta tarde. Alguns levaram boias infláveis em formato de baleia para ironizar a investigação. Estiveram ao lado de Bolsonaro alguns parlamentares, Wajngarten e o coronel aposentado da Polícia Militar (PM) Mello Araújo, indicado pelo ex-presidente para ser vice na chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

O principal adversário de Nunes na eleição paulistana, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), foi lembrado no discurso de Bolsonaro. O ex-presidente citou declaração do parlamentar para tecer elogios ao governador, seu ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), e para atacar Lula.

Nesta semana, tivemos o pré-candidato a prefeito em São Paulo pelo PSOL dizendo que o Lula conquistaria o Tarcísio para o partido dele. Obviamente, não fiquei preocupado com isso. Eu ficaria preocupado se o Lula quisesse roubar o Tarcísio para ele. Porque roubar é o que ele sabe fazer desde quando surgiu o PT — disse Bolsonaro, acrescentando que Tarcísio “pode ter algum defeito, mas ele tem muito mais virtude”.

O ato em São Sebastião acrescenta novo capítulo à jornada de Bolsonaro na defesa da tese de que é alvo de perseguição por parte do governo Lula e do Judiciário. No fim do mês passado, quando um dos filhos do ex-presidente foi alvo de buscas da PF no âmbito das investigações sobre a existência de um ‘Abin paralela’, Bolsonaro disse enfrentar uma “perseguição implacável” e que o objetivo da operação era o de “esculachar” sua família.

O termo “perseguição implacável” já havia sido usado antes, em julho, para atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro reagiu na ocasião à declaração do atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, de que “derrotamos o bolsonarismo”.

Em seu discurso em São Sebastião, Bolsonaro voltou a criticar o julgamento do TSE que o tornou inelegível e disse confiar que, “por mais críticas que possamos ter quanto ao outro grande tribunal”, o Supremo reverterá a decisão:

— A gente pode até ver um dia um time de futebol sem torcida ser campeão. Agora presidente sem povo, é a primeira vez que estamos vendo. (...) Nós sabemos que esse julgamento não foi justo. Por mais críticas que possamos ter quanto ao outro grande tribunal (STF), eu acredito que quando esse recurso chegar lá, eles vão reconhecer que a democracia só funciona se nós tivermos também oposição no Brasil. 

Para manter sua militância engajada, o discurso do ex-presidente tem se estendido também aos apoiadores punidos pela participação nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. Em outubro, Bolsonaro disse em discurso em Goiânia que “inocentes estão pagando uma pena muito cara” e pediu um minuto de silêncio para o que chamou de "patriotas que estão indevidamente presos na Papuda", em referência às pessoas que respondem a inquérito no Supremo por envolvimento na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

O giro de viagens do ex-presidente visa a manter o bolsonarismo vivo nas eleições municipais deste ano e cacifar seu grupo político para voltar ao poder em 2026. A estratégia é comparável à que Lula adotou em 2017, quando fez a chamada “Caravana Lula pelo Brasil” antes de ser preso na Lava-Jato e impedido de disputar as eleições do ano seguinte.

Assim como o petista em 2018, Bolsonaro também está inelegível e não poderá disputar o próximo pleito presidencial. No litoral paulista, porém, disse que tem “couro duro”:

Tem muita gente mais inteligente do que eu pelo Brasil. Mas com mais conhecimento e couro mais duro do que eu, duvido que tenha. Apesar dos 68 anos de idade, continuo com a vitalidade de muito moleque de 20 por aí.

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