Bahia ultrapassa marca de 50 mil profissionais da saúde infectados pela covid-19

- 21/06/2021 - 08:19


Responsáveis por dar o diagnóstico e cuidar dos pacientes contaminados pelo coronavírus, os profissionais de saúde da Bahia se viram do outro lado da história mais de 50 mil vezes desde que a pandemia começou. É que, de março de 2020 - quando a crise sanitária mundial foi decretada - para cá, 50.384 profissionais de saúde que trabalham na Bahia já foram diagnosticados com a covid-19, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

A técnica de enfermagem Suellen Maria de Santana, 37 anos, recebeu a mesma notícia duas vezes: ela está com covid pela segunda vez. Mesmo tendo tomado as duas doses da vacina AstraZeneca, a alta exposição à contaminação durante o exercício da função foi suficiente para uma reinfecção. “Estamos a todo momento em contato com o paciente de covid. Só Deus para nos proteger”, diz a técnica, que integra a lista dos mais de 50 mil casos da doença em profissionais da saúde.

Dentre as categorias que compõem o sistema de saúde, a de Suellen é justamente a dos mais atingidos pela doença. São 14.651 técnicos ou auxiliares de enfermagem infectados pela covid. Os dados são do boletim epidemiológico da Sesab deste domingo (20), que lista 11.711 casos em profissionais de saúde cuja categoria não foi informada. Logo depois aparecem os enfermeiros (8.912 casos) e os médicos (4.339). Não há dados sobre óbitos de profissionais de saúde no boletim epidemiológico.

Os dados, no entanto, podem ser ainda maiores do que os oficialmente contabilizados. Para que um caso de covid-19 em um profissional da saúde seja contabilizado, é preciso que o hospital faça a notificação para o banco de dados do Ministério da Saúde. Caso esse ato não ocorra, por mais que o trabalhador esteja doente, esse número não entra nas estatísticas oficiais de funcionários infectados pela covid. É o que afirma Adauto Silva, diretor de comunicação e imprensa do Sindisaúde Rede Privada. 

“Na realidade, é um número bem maior do que 50 mil. Eu tenho acompanhado a quantidade de trabalhadores que vêm dobrando a carga horária de trabalho por causa da falta de outros que precisaram se ausentar por terem pego covid. Vários trabalhadores fazem o teste e não tenho dúvida que várias instituições não estão notificando, enviando as informações”, declara.

Alta exposição

Além de uma carga de trabalho maior, os profissionais de saúde lidam com uma alta exposição ao vírus. Suellen, por exemplo, trabalha numa unidade de saúde exclusiva para casos de covid em Ribeira do Amparo, cidade de apenas 15 mil habitantes localizada no Nordeste da Bahia. Não existem no município Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o que significa que, quando algum paciente tem o quadro de saúde agravado, é necessário fazer a transferência através da Central Estadual de Regulação. 

“Enquanto a transferência não acontece, temos que ficar com ele dando todo o suporte possível: ofertamos oxigênio, aplicamos medicações receitadas pelo médico, acompanhamos os sinais vitais... Se é paciente acamado, temos que dar banho e trocar fralda. Tudo isso requer contato e, mesmo usando todos os equipamentos de proteção, em qualquer descuido, num pequeno momento de desatenção, a contaminação pode ocorrer”, explica Suellen Maria, técnica de enfermagem.  

Ivanilda Brito, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde), afirma que não há uma explicação concreta sobre o maior adoecimento de técnicos e auxiliares de enfermagem, mas que a hipótese do contato maior com o paciente é a mais provável. “Eles lidam diretamente com os doentes, estão na cabeceira do leito. E por mais que você use o EPI, tem um momento que você sai da regra de proteção a depender da urgência”, diz.

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