Famílias são despejadas de área onde vivem há mais de 20 anos em Porto Seguro. O despejo afeta mais de 800 pessoas

Giro de Noticias - 03/10/2023 - 17:37


Trezentas e quarenta e oito pessoas que integram a Comunidade Novo Horizonte, em Porto Seguro, sofreram despejo no território que já ocupam há mais de 20 anos. A desapropriação por determinação da justiça, ocorreu na manhã desta terça-feira 03/10/2023.

A localidade compõe a conhecida Gleba Roça do Povo – Mangabeira, cujas comunidades juntas somam mais de 800 pessoas. Além do grande número de pessoas, de acordo com as famílias as terras devolutas do Estado da Bahia e é reconhecida pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA) por meio da portaria nº67 de 2015.

O presidente da Central de Associações das Comunidades Tradicionais, da Agricultura Familiar e Campesina da Bahia (Cecaf-BA), Weldes Queiroz, disse que a ação de despejo é inadmissível. “Só na comunidade Novo Horizonte, em mais de 20 anos, foram construídas 39 casas em alvenaria, 18 tanques de criação de peixes, cercas levantadas, plantações, além de criação de bovinos, suínos, aves e peixes. Em 2014, o próprio governo da Bahia deflagrou uma discriminatória da área, justamente para o processo de titulação dessas famílias. Em 2022, aparece um suposto proprietário, todavia sem nenhum respaldo jurídico para reivindicar a área. São essas famílias que, através da moradia e produção, dão a devida destinação social a terra, aos moldes do que determina a Constituição Federal de 1988”, disse Queiroz

Ainda de acordo com, Weldes Queiroz, as famílias já sofriam com a ameaça de despejo ainda durante o isolamento provocado pela Pandemia da Covid-19. Na época, a decisão liminar do juiz da Vara Cível do município do sul da Bahia, Fernando Paropat, para a reintegração de posse (processo nº 0300051-38.2019.805.0201) foi emitida em julho de 2020 pela Comarca de Porto Seguro.

Weldes Queiroz, contesta a ação dos juízes de Porto Seguro, “mesmo sem que haja a competência legal para tratar do assunto, pois se trata de área devoluta do estado, não pertencente ao município. Nós denunciamos ao Ministério Público atuação do promotor de justiça, Wallace Carvalho de Mesquita Barros, que também possui ‘contrato de compra e venda dentro da área devoluta, e usa da sua posição para promover ações de reintegração de posse. Trata-se de pressão de especulação imobiliária, da indústria dos condomínios de luxo, diante da valorização da área após anel de contorno construído pelo próprio Governo da Bahia”, completou Queiroz.

A Cecaf-BA provocou os órgãos de estado diante da iminência de um despejo das famílias. A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) chegou a sugerir que fosse “aguardada a definição ou confirmação do perímetro discriminado para posterior deliberações quanto à execução da reintegração de posse”, pois o assunto “encontra-se em processo de avaliação e deliberação junto a Superintendência de Desenvolvimento Agrário – SDA/SDR, onde foi realizado o Procedimento Discriminatório Administrativo Rural da referida área (00074012344)”

A reintegração de posse nesta terça-feira, gerou uma comoção regional e deixou as famílias em penico. Muitas famílias alegam não ter para aonde ir e nem aonde colocar suas criações e reclama dos prejuízos que tiveram com suas produções de peixes e outras culturas.    

Muitas famílias estão se manifestando um suposto abuso no uso de força excessiva por parte dos militares durante a ação. Segundo essas denúncias, houve o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, mesmo na presença de mulheres e crianças.

Diante dessas acusações, é imprescindível que sejam realizadas investigações imparciais e transparentes para que os fatos sejam devidamente esclarecidos. É necessário garantir que todos os envolvidos tenham a oportunidade de apresentar suas versões, a fim de evitar injustiças e abusos.

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